Brachiaria ruziziensis: veja a importância da forrageira mãe dos híbridos

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Você já sabe da importância da Brachiaria ruziziensis? Ela é considerada a mãe dos híbridos e está disponível no comércio de sementes para quem deseja adquirir essa importante forrageira tropical. Por ser uma planta sexual, tornou-se muito importante para o melhoramento genético das braquiárias. Venha saber mais: 

Reprodução das braquiárias

Antes de tudo, é importante entender a reprodução das braquiárias. A maioria das plantas apresenta os dois sexos, ou seja, são hermafroditas. Assim, grãos de pólen são os gametas masculinos e a célula-ovo é o gameta feminino, ficando dentro de um ovário. Essas plantas podem se autofecundar ou só serem fecundadas por outras plantas, seja pelo vento, pela água, por insetos ou por outros seres vivos, como morcegos, por exemplo. Acontece que a maioria dos nossos capins tropicais, como as braquiárias e os panicuns, possui outro tipo de reprodução chamada apomixia, que nada mais é do que uma reprodução clonal. A célula-ovo não aceita a fecundação pelo grão de pólen e o embrião replica apenas a genética da mãe. Mas a semente é feita de embrião e endosperma e, esse sim, precisa da fecundação. Então, há uma semente com endosperma híbrido e um embrião clonal. Então, como criar variabilidade sem sexo? Foi preciso muito estudo e experimentação para se conseguir entender a apomixia. Além disso, foi preciso identificar fontes de sexualidade nos capins Brachiaria.  

História da Brachiaria ruziziensis

A forrageira B. ruziziensis possui uma história muito interessante. Ela é nativa da África central, especificamente do Vale do Rio Ruzizi, entre Ruanda, Burundi e República do Congo. Quem deu seu nome foram os botânicos Germain e Evrard. A primeira braquiária a entrar no Brasil foi uma B. decumbens que veio do Suriname para o Pará, em 1952. Só em 1965 chegaram B. ruziziensis, outra B. decumbens e uma B. brizantha, também na Amazônia oriental. Começaram a ser efetivamente usadas em pastagens a partir da década de 1970, com o desbravamento dos Cerrados. Porém, a B. ruziziensis, por ser mais exigente em fertilidade e suscetível ao frio, à seca e às cigarrinhas, acabou saindo do mercado no fim da década de 1980.

Brachiaria ruziziensis: uma importante aliada dos agricultores

A Brachiaria ruziziensis ressurgiu com o uso de integração com lavouras. Ela tornou-se ainda mais importante quando agricultores perceberam a vantagem de ter cobertura de solo na entressafra e associaram o plantio do milho safrinha com a braquiária. Para o melhoramento genético, era a única fonte de sexualidade para fazer cruzamentos. Para produzir híbridos interespecíficos da B. ruziziensis foi necessário duplicar o número de cromossomos dela para alcançar a B. decumbens e a B. brizantha.  Assim foi feito, e a mãe das braquiárias foi essencial nos cruzamentos. Seus filhos passaram a ser estudados a fundo para, enfim, serem liberados como cultivares.  

Brachiaria ruziziensis em Sistema Plantio Direto

Melhoramento genético da Brachiaria ruziziensis

A história possui um final feliz com o melhoramento genético da Brachiaria ruziziensis. Além dos híbridos entre as espécies, a Embrapa investiu na otimização da própria ruziziensis. Hoje, temos o mais novo lançamento: a B. ruziziensis BRS Integra, disponível no mercado com o DNA da Embrapa, em parceria com a UNIPASTO. Trata-se uma excelente alternativa de forrageira para produção de palhada nos sistemas ILPF devido à sua alta produtividade, persistência e lenta taxa de degradação ao longo do tempo, contribuindo para melhor cobertura do solo no inverno e suprimindo o aparecimento de invasoras. Além disso, é de fácil dessecação, permitindo o plantio direto dos grãos na safra subsequente. Outro fator importante é que a soja, após a braquiária de cobertura, produz mais. Assim, a tecnologia ganhou público e a “mãe” B. ruziziensis conquistou seu merecido lugar na hierarquia das forrageiras.  

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